segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Use de CRASE em horas

Barba Negra é educador, contista, cronista e escreve nesta coluna sobre Teoria Literária, Língua Portuguesa e Redação todas as sextas-feiras.


AS HORAS ou ÀS HORAS?

Devemos usar A Crase diante [Das Horas]?

• Sim, devemos colocar o acento indicativo de crase diante da hora ou das horas. Primeiro, porque devemos usar o artigo antes de hora(s). Segundo, porque, neste caso, o artigo vem sempre depois de uma preposição: a + as 18 horas => às 18 horas. Assim:

- As aulas começam precisamente [às] 7 horas.
- Às 20 horas começará o jogo.


Se não há crase diante de artigo indefinido, devemos usá-la diante de Uma Hora?

• Também devemos usar porque, neste caso, [uma] não se trata de um artigo indefinido e, sim do numeral [uma], que determina o número de horas – duas horas, três horas, etc. Assim sendo:

- Mudaram o meu turno, começo, agora, à uma da madrugada.

Caso Especial

• Já sabemos que o artigo que acompanha o número de horas vem sempre depois de uma preposição. Se acaso tivermos de empregar uma preposição que não seja [a], por exemplo: para, desde, após e entre. Não devemos usar, em hipótese nenhuma, a crase. Se fizéssemos, estaríamos sobrepondo estas preposições ao [a]:

- Ele chegará entre as 8 horas e às 9 horas.

- Eles trabalharam até as 3 horas.

- Sairei após as duas horas.

- Faltam 10 para as 2 horas.

Cuidado com A Concordância com Minutos!

• Ele chegou aos 15 para as nove horas. Isto é: Ele chegou aos 15 minutos para as 9 horas. Usamos [aos] diante de 15 porque minutos é masculino. O artigo será [o].

Macete: Essa é uma boa maneira de provar a existência do artigo: substituir a palavra feminina por outra masculina. Se surgir [ao] significa que há preposição + artigo.

Portanto, diante da palavra feminina também haverá ambas. Caso contrário, se surgir só o artigo [o] não há preposição. No caso de horas, troque por meio-dia. Assim:

- Ele chegará entre o meio-dia e às nove horas.

- Eles trabalharam até o meio-dia.

- Sairei após o meio dia.

[Até Às] é um Caso Facultativo

• Embora se recomende não usar o acento indicativo de crase devido à inexistência da preposição [a] (trabalharam até o meio dia), é possível empregá-lo quando se deseja acentuar bem a noção de limite. Essa noção de limite acontece porque a preposição [até] tem o sentido de inclusão: mesmo, inclusive, ainda, também. Foi a partir do século XVII que se começou a usar as duas preposições combinadas. Portanto, embora desnecessário, possamos optar por:

- Eles trabalharam até as 3 horas.

- Eles trabalharam até às 3 horas.

- A noção de limite fica mais clara nesta frase:

- Chegou até à porta, => isto é, parou na porta.

Como Se Pergunta Às Horas?

• Assim é que se pergunta: [Que] horas são? Pois em tais frases, não existe sujeito, e o predicativo é [que], um pronome-adjetivo equivalente a quantas. Seria o mesmo que perguntássemos: São quantas horas?

• Que horas são? E responder-se-á: É uma hora. — São três horas.

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Referência bibliográfica:

Lima, Rocha, Gramática Normativa da Língua Portuguesa; José Olympio, 1985.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário.Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe.

Professor Pierluigi Piazzi -

Conheci o Prof. Pier na Expo 2010 do Kumon . Foi um SHOWWWW !!! Leiam os livros dele , vocês vão adorar ! São 3 volumes . Um para pais , outro para professores e outro para alunos .
Divirtam-se
Sylvia Helena Pellissier


Professor Pierluigi PiazziOlá PessoALL,




Nesta terça-feira, próxima passada, fomos presenteados com a fantástica palestra do professor Pierluigi Piazzi, que deu um verdadeiro show de criatividade e dinâmica. A palestra com o título “Use o Cérebro ao invés do Notebook”, decorreu de maneira agradável, apesar das duras verdades a respeito do sistema educacional brasileiro. Ao seu final, a apresentação, deixou um gosto de “quero mais”, que foi suprida com uma sessão de autógrafos dos livros “Aprendendo Inteligência” e “Estimulando Inteligência”. A seguir alguns comentários feitos pelo professor e alguns trechos do seu livro colocados de forma a sugerir uma “entrevista” com ele.



Blog Ciência da Computação (BCC) - Professor Pierluigi, (Pier para seus alunos e ex-alunos) poderia nos contar um pouco da sua trajetória até o Presente?



Professor Pier (PP) - Eu nasci bem no meio da Segunda Guerra Mundial, e cheguei ao Brasil em 1954, trazido por uma família entusiasmada pela noticia de que este seria o pais do futuro. Estou aguardando até hoje! Sempre fui professor, apesar de já ter trabalhado como garçom, confeiteiro, motorista de caminhão, topógrafo, tratorista e químico, até descobrir que podia sobreviver apenas dando aula (coisa quase impossível no Brasil) em cursinhos vestibulares. Aliando minha experiência como professor de cursinho aos conhecimentos ao lecionar Inteligência Artificial e Configuração de Redes Neurais, em um curso de Engenharia da Computação, consegui identificar os equívocos que tornam o sistema educacional brasileiros um dos piores do mundo. Por mais de dez anos, tenho viajado pelo Brasil visitando centenas de escolas para ministrar palestras para os alunos, pais e professores, ensinando como esses erros podem ser evitados. Atualmente, além das diversas atividades, tenho um programa na Rádio Eldorado sobre Tecnologia da Informação e faço parte do Mensa.



BCC- O que é o mensa?



PP - Se você acessar o endereço eletrônico: http://www.mensa.org.br/, poderá ter a seguinte resposta:

“A Mensa é uma sociedade formada por pessoas de alto QI. Foi fundada em 1946 na Inglaterra e é hoje internacionalmente conhecida, com quase 100.000 membros em mais de 100 países. A idéia original era, e ainda é, criar uma sociedade apolítica e livre de distinções raciais ou religiosas, com o objetivo de fomentar a inteligência e promover o convívio de pessoas intelectualmente estimulantes. No Brasil conta com cerca de 300 membros. Para filiar-se à Mensa, a única exigência é ter um QI na faixa dos 2% superiores da população, comprovado por testes aplicados pela própria Mensa, ou reconhecidos por ela.”



BCC- Prof Píer, o por que de escrever um livro?

PP – Ao longo do último meio século, tenho tentado fazer com que as pessoas que me rodeiam, colegas, amigos, alunos, filhos, fiquem cada vez mais inteligentes. Essa é a razão pela qual reduzi minhas atividades em sala de aula (morrerei com um pedaço de giz na mão) e tenho me dedicado a percorrer escolas fazendo palestras. A receptividade tem sido excelente, mas em minha opinião insuficiente. A solução óbvia: escrever um livro para atingir um publico maior.



BCC – Fale um pouco sobre seu livro.

PP – Na verdade são três livros: Além desse volume “Aprendendo Inteligência”, voltado para os alunos, e que é o volume um da coleção neuropedagogia (observação – o termo é uma criação do professor Píer), existem outros dois, um voltado para os pais e outro voltado para os professores. Este volume um está dividido em duas partes: na primeira, o leitor poderá entender o que há de errado na maneira de encarar a escola, e como evitar os erros mais comuns. Na segunda, há uma espécie de de receita de como se tornar mais inteligente. Pode acreditar...funciona! Para saber mais, comprem o livro ?.



BCC – Na sua opinião, professor Píer, qual é o bem mais escasso atualmente?

PP – Todas as escolas, numa falta de originalidade até benéfica propõe trabalhos sobre o que é considerado o recurso mais escasso do século XXI: água potável. Na realidade há tanta água potável no século XXI quanto havia no século XX. O que há é ecesso de pessoas querendo beber! O bem verdadeiramente mais escasso do século XXI não é a água... É INTELIGÊNCIA!



BCC – Num mundo de Internet, como hoje em dia, por que estudar?

PP – Pois é, se for para estudar como todo mundo estuda, a resposta é “para nada”.



BCC – Como assim: estudar como todo mundo estuda?

PP – Fácil: estudar para as provas, para tirar boas notas e passar de ano. Passar de ano para tirar um diploma. Ao descobrir que o diploma não é suficiente para arrumar um bom emprego... conseguir mais diplomas! E, se possível, fazer também a “onda” da moda chamada MBA – (pronuncia-se “em-bi-ei”). E, no fim disso tudo, descobrir que, com certeza, não vai conseguir um bom emprego, por que você usou todo seu tempo e toda sua energia na direção errada.



BCC – E qual a solução para esse problema?

PP – O conselho clássico é : estude mais para vencer na vida...Não dê ouvidos! Esse conselho é a maior furada. Portanto, o conselho correto não é estude mais, mas sim estude melhor! Estudando melhor, você irá se tornar cada vez mais inteligente, mais criativo, mais culto. As boas notas serão uma conseqüência e não uma finalidade.



BCC – O que há de errado com o ensino no Brasil?

PP – No Brasil, acontece um fenômeno estranhíssimo: o aluno estuda como um louco para tirar boas notas e terminar, no terceiro médio, o ciclo básico. Assim, com um bom histórico escolar nas mãos, presta concurso em uma universidade pública e fracassa de forma vergonhosa! Depois de diversas tentativas, novamente se mata de estudar durante os quatro ou até seis anos de estudo superiores e obtém um diploma associado a um bom histórico escolar. Presta um exame para ingressar em uma grande empresa e... mais uma vez fracassa vergonhosamente. E finalmente descobre que estudou muito, mas sempre na hora errada. Como começou a tragédia? Tente lembrar: até o 5º e 6º ano você ainda era um ser humano. Em seguida foi transformado em um robozinho. E é treinado pela escola a tirar boas notas e passar de ano. Mas nunca estudou para aprender. O que significa que mesmo tirando boas notas não significa que aprendeu. Quer dizer que se tornou um especialista, incentivado pela família e pela escola, a tirar boa nota! Isso tudo por que deixa para estudar na hora, para não dar tempo de esquecer



BCC- E qual a maneira correta de se aprender?

PP – Estudando no mesmo dia da aula que teve. E ainda posso afirmar: estude pouco! AULA ASSISTIDA HOJE É AULA ESTUDADA... HOJE! ! Mas nunca na véspera da prova!



BCC – E como tem sido a aceitação de seu trabalho?

PP – Há uma grande diferença entre pessoas sérias que se dedicam à pedagogia de forma eficaz e ética e pseudoprofissionais que só sabem exibir um “pedagogiquês” vazio, preocupados apenas em manter um cômodo e medíocre status quo. Muito me orgulha ter recebido o apoio de profissionais sérios. E muito me reconforta ter ouvido, por parte deles, frases como “Professor, é exatamente assim que eu penso”. Pelo menos não estou sozinho! Por isso, como já disse, tenho me dedicado a percorrer escolas divulgando meu pensamento em palestras.



BCC – Ao sair daqui o senhor vai ministrar mais alguma palestra?

PP – Tenho que dar uma palestra em uma cidade mineira, amanhã. Depois tenho uma reunião no conselho da Frota.



BCC – Bem professor, agradecemos sua participação e lhe desejamos Vida longa e Prospera!

PP – Bem, é isso. (chamando pelo intercomunicador..) Senhor Scott, um para subir (beam-me up)