quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Lexical Approach - Abordagem Lexical

Lexical Approach: o que é?

Michael Lewis ao ter publicado The Lexical Approach: the state of ELT and a way forward (LTP, 1993) não apenas cunhou o termo Lexical Approach (abordagem lexical), mas também colocou em xeque uma das mais sólidas bases do ensino de língua estrangeira: a gramática. Em toda a sua obra permeia a idéia que “a língua consiste de léxico gramaticalizado, não de gramática lexicalizada”. Com isto Lewis afirma veementemente que a base de uma língua é o seu léxico (vocabulário) e não a sua gramática. Em resumo, Lewis declara que um dos maiores erros no ensino de uma língua estrangeira é ter como verdade absoluta o fato de que adquirir conhecimento gramatical e algumas palavras isoladas seja o suficiente para uma efetiva comunicação e aprendizado de uma língua.
Através da abordagem lexical é proposta a idéia de que proficiência em uma língua estrangeira é adquirida e desenvolvida mais rapidamente ao se dar ênfase no ensino e aprendizado de palavras e combinações de palavras, ou mais precisamente, nos ITENS LEXICAIS.
Por itens lexicais entende-se que léxico, na abordagem lexical, não é o mesmo que vocabulário – palavras isoladas. Quando o termo léxico é usado por defensores da abordagem lexical a referência se faz a palavras isoladas e também a combinações de palavras que estão armazenadas no nosso léxico mental.
Desta forma os itens lexicais sugeridos por Lewis são:
· PALAVRAS ISOLADAS – simples palavras que podem ser adquiridas no dia-a-dia e que recebem uma grande ênfase no ensino de idiomas. São exemplos desta categoria palavras como table, book, pen, pencil, computer, magazine, hand, day, look, office, post, etc.
· POLI-PALAVRAS – palavras usadas em combinações fixas com outras, geralmente são compostas por preposições ou outras palavras sem muito valor semântico. Como exemplos citamos by the way, upside down, up to now, from now on, on the other hand, put up with, look forward to, the day after tomorrow, all at once. Observe que phrasal verbs e prepositional phrases são excelentes exemplos de poli-palavras.
· COLOCAÇÕES (também conhecidas como combinações de palavras) – refere-se às combinações freqüentes de palavras em uma língua. Em português, temos como exemplos as combinações redondamente enganado, efeito colateral, fornecer ajuda humanitária, usar um computador, enviar um e-mail, etc. As colocações são infindáveis porém uma palavra tem um número limitado de combinações. Veja que não dizemos em português algo como redondamente linda, efeito lateral, comer um e-mail. Os exemplos de colocações na língua inglesa também são inúmeros e em sala de aula os professores são incentivados a ensinar aos alunos as combinações mais comuns. Os alunos, por sua vez, são estimulados a aprender/adquirir combinações de palavras ao ler um texto de forma natural e espontânea. Alguns exemplos em inglês são have lunch, have dinner, have breakfast, carry on a research, go home, provide help, outside chance, etc.
· SENTENÇAS INSTITUCIONALIZADAS – estas são sentenças que caíram nas graças do povo e são usadas como que instantaneamente e sem alterações pelos falantes nativos de uma língua. Expressões como eu acho que sim, só um momento, de jeito nenhum, mas nem sonhando, sinto muito, ainda não são exemplos de sentenças institucionalizadas. Ao se adquirir expressões como estas em uma segunda língua o aluno se sente muito mais à vontade em determinadas situações. Em inglês podemos ter como exemplos I’ll get it; I’m sorry; that’ll do; I don’t think so; I hope so; just a moment, please; not yet; certainly not.
· “ESQUELETO” DE SENTENÇAS – são estruturas que se mantém relativamente fixas e que são alteradas apenas em uma parte ou outra. A estrutura “não é tão (...) o quanto parece” é um exemplo típico de esqueleto de sentença. Observe que na parte entre parênteses podemos colocar qualquer palavra que quisermos, desde que seja um adjetivo. Desta forma podemos completar a estrutura com termos como bonita, elegante, grande, difícil, esperto, feia, horroroso, etc. Se os aprendizes de língua estrangeira adquirem e fazem uso de estruturas como estas lexicalmente, eles terão uma desenvoltura maior com a língua ao invés de aprendê-las como estruturas gramaticais. Exemplos de esqueletos de sentenças em ingles: that is not as … as you think; sorry to interrupt, but can I just say…; that’s all very well, but…; I see what you mean, but I wonder if it wouldn’t be better to…; If I were you, I would…
· ESTRUTURAS DE TEXTOS – estruturas lexicais fixas e que fazem parte da elaboração de textos, sejam eles formais ou informais. Vale lembrar que textos formais apresentam estruturas muito mais fixas do que os textos informais. Estruturas de textos aqui nada tem a ver com gêneros textuais. Na língua portuguesa pode-se dar como exemplos as estruturas “venho por meio desta...”, “sem mais para o momento...”, “neste artigo será analisado/investigado/discutido/etc...”. Em inglês expressões como in this paper we explore…; firstly…; secondly…; finally…; on this basis, it can be concluded that…; for example, X argued that… são exemplos típicos desta categoria lexical. Alunos dos chamados cursos de “inglês instrumental” teriam muita mais facilidades em compreender textos se no curso este tipo de categoria fosse trabalhado mais freqüentemente com eles, junto claro com os termos técnicos do seu curso.
· SENTENÇAS COMPLETAS – são expressões com um significado prontamente identificável por quem as ouve e que podem ser fixas ou semi-fixas na língua. Em inglês podem ser dadas como exemplos as expressões what do you mean?, I don’t see your point, who the hell do you think you are?, how old are you?, what’s your name?, where do you come from?.
Outros defensores do Lexical Approach incluem ainda outras categorias lexicais além destas apresentadas. Porém, as que se encontram acima são as mais comuns e as mais importantes no ensino de língua estrangeira para alunos iniciantes ou intermediários.
Uma das razões que levaram Lewis e outros autores a defenderem uma abordagem lexical no ensino de língua estrangeira está no fato de que o nosso léxico mental (dizem os especialistas que pelo menos 70% do que está contido nele) é formado por expressões, frases e sentenças completas. Estes itens lexicais que se encontram no léxico mental são totalmente contextualizadas e estão prontos para serem usados a qualquer momento. (Clique aqui para fazer algumas atividades em português para ver na prática como isto funciona.)
Devido a este fato os defensores do Lexical Approach afirmam que memorizar regras gramaticais, bem como os termos técnicos para nos referirmos à língua – metalingüística –, não têm nenhuma importância na aquisição de uma segunda língua. Pois ao nos comunicarmos em nossa própria língua ou em outra língua não pensamos nas regras gramaticais e nem mesmo nos termos técnicos. Ou seja, como falantes de português brasileiro nós não nos preocupamos com termos como “passado perfeito”, “passado imperfeito”, “passado mais que perfeito”, “voz ativa”, “voz passiva” e todo aquela gramatiquice que vemos na escola. Nós simplesmente falamos a língua e pronto.
Através destas observações conclui-se que o segredo para adquirir fluência em uma língua está na quantidade de itens lexicais que temos armazenado no nosso léxico mental. Fluência nada tem a ver com o conhecimento das regras gramaticais e muito menos da memorização do conteúdo dos livros de gramática normativa tão freqüentes nos cursos de língua inglesa.
Devido a estas afirmações era mais do que óbvio que a abordagem proposta por Lewis levantaria questões até então impensadas no universo do ensino de línguas. Muitos autores, professores, pesquisadores e lingüistas questionaram a validade e as implicações pedagógicas de tal abordagem. De certa maneira a grande maioria daqueles que se opõe à abordagem lexical declaram categoricamente que a gramática é, sem sombra de dúvidas, a base de toda e qualquer língua e que não há nenhuma evidência de que o nosso cérebro possui um sistema diferente para armazenar o léxico e a gramática.

Michael Lewis ao ter publicado The Lexical Approach: the state of ELT and a way forward (LTP, 1993) não apenas cunhou o termo Lexical Approach (Abordagem Lexical), mas também "colocou em xeque" uma das mais sólidas bases do ensino de língua estrangeira: a Gramática.Em toda a sua obra permeia a idéia de que “a língua consiste de léxico gramaticalizado, não de gramática lexicalizada”. Ou seja, Lewis afirma nesta simples sentença que a base de uma língua é o seu Léxico (mais simplesmente, seu vocabulário) e não a sua estrutra gramatical. Em outras palavras, ele declara que um dos maiores “erros” no ensino de uma língua estrangeira é ter como verdade absoluta o fato de que adquirir conhecimento gramatical (explícito - metalinguagem e estruturas) em conjunto com algumas palavras isoladas seja o suficiente para uma efetiva comunicação e aquisição de fluência da língua alvo.Vale dizer ainda que o nome Lexical Approach mostra que trata-se de uma abordagem e não de um método. Entender a distinção entre método e abordagem é essencial aqui; pois, ao contrário do que pensam muitos, Lexical Approach não foi concebido para tomar o lugar das demais abordagens existentes. Lexical Approach quando bem compreendido e inserido em um curso de idiomas simplesmente auxilia as demais. Oferece ao professor maiores possibilidade de ensinar determinado assunto. Tornando a aquisição do Léxico (vocabulário) algo mais dinâmico, prático e significativo tanto para o aluno quanto para o professor. Conseqüentemente, haverá uma guinada na forma como o aprendiz adquire e usa a língua.Cumpre observar que através do Lexical Approach é proposta a idéia de que a proficiência em uma língua estrangeira é adquirida e desenvolvida mais rapidamente ao se dar total ênfase no ensino e aprendizado de palavras e combinações de palavras, ou mais precisamente, nos Lexical Items (Itens Lexicais).Para se compreender bem o Lexical Approach é extremamente necessário saber, antes, o que é Gramática e o que é Léxico. Além disto é fundamental deixar de lado toda a tradição gramatical (ou gramatiqueira) que nos é passada pelas faculdades, pelos cursos de inglês, pelos treinamentos, ou seja, pelo sistema “gramatiqueiro” como um todo.O Lexical Approach pode revolucionar o modo como você encara o vocabulário de uma língua. Melhor compreender o que é vocabulário é o ponto central da compreensão do Lexical Approach.

FONTE: www.denilsodelima.blogspot.com