sábado, 17 de janeiro de 2009

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

http://www.atarde.com.br/vestibular/noticia.jsf?id=1043694

Problema com hífen no novo acordo não parece ser apenas "informático",
não existe ainda uma definição oficial sobre o uso do hífen, embora
deva sair em fevereiro, como diz no texto a seguir:


Texto do Acordo não deixa claro como ficará a grafia de uma série de
palavras

MÁRCIO PINHO
LUISA ALCANTARA E SILVA

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa passa a valer a partir
de hoje no Brasil. O período de transição para que a população se
adapte às mudanças vai até o fim de 2012 --a partir de 1º de janeiro
de 2013, a nova ortografia será a única considerada correta.

Apesar de escolas, editoras e meios de comunicação já começarem a se
adaptar, o texto do Acordo não esclarece a grafia de uma série de
palavras.

Segundo a ABL (Academia Brasileira de Letras), a definição só sairá
com a publicação de um novo Volp ("Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa"). Com a função de registrar a forma oficial de escrever as
palavras, o Volp só deve ser publicado em fevereiro, com cerca de 300
mil termos.

"O Volp deveria ter ficado pronto em 2008", afirma José Carlos de
Azeredo, doutor em letras pela Universidade Federal do Rio Janeiro e
professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. "Os editores já
precisavam dele para usá-lo como fonte de orientação", afirma Azeredo,
que coordenou o guia "Escrevendo pela Nova Ortografia" (parceria entre
a Publifolha e o Instituto Houaiss), que detalha as novas regras.
"Isso tem que ser reconhecido como uma falha", diz.

Azeredo conta que sua equipe no Instituto Houaiss enfrentou uma série
de problemas por não ter o Volp como base de pesquisa. "Além disso, o
texto do Acordo é muito genérico, principalmente em relação ao uso do
hífen", afirma.

Na opinião de Azeredo, o Brasil deveria ter feito uma edição limitada
do "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa" antes de o Acordo
ter entrado em vigor. "Depois, lançaria uma edição maior."

Até mesmo Evanildo Bechara, membro da ABL e considerado a autoridade
máxima no Brasil para decidir as possíveis pendências do Acordo, diz
que está sujeito a erros. Em entrevista publicada na Folha na última
segunda-feira, ele diz: "É claro que a interpretação que fiz está
sujeita a erros. Só não erra quem não faz".

Dúvidas

Segundo a consultora de língua portuguesa do Grupo Folha, Thaís
Nicoleti de Camargo, as principais indefinições estão centradas na
aglutinação ou no uso do hífen.

Daí surgem dúvidas como "subumano" ou "sub-humano", "co-habitar" ou
"coabitar" e "abrupto" ou "ab-rupto". Quanto ao prefixo "re" (usado em
palavras como "reeditar" ou "re-editar"), Thaís afirma que o Acordo
não faz menção específica a ele, o que provoca diferentes
interpretações.

Outra palavra que vem gerando dúvidas é "para-raios" (que perde o
acento diferencial do "pára"). No "Minidicionário Aurélio da Língua
Portuguesa", grafa-se "pararraios". Já o "Meu Primeiro Dicionário
Houaiss" e o "Minidicionário Houaiss" grafam "para-raios".

O motivo da dúvida é que o Acordo diz que devem ser aglutinadas, sem
hífen, as palavras compostas quando "se perdeu, em certa medida, a
noção de composição", conceito usado na agora "paraquedas".

Para Thaís, "é provável que a perda da percepção dos elementos
constitutivos da palavra "pára-quedas" se deva à existência dos
derivados "pára-quedista" e "pára-quedismo". A ausência das palavras
"quedista" e "quedismo" na língua favorece o processo natural de
aglutinação". "No caso de "pára-raios" e "pára-brisa", isso não
ocorre, pois não há derivados", explica ela. Nesses casos, só há a
perda do acento diferencial da forma "pára", e não deve ser feita a
aglutinação.

A recomendação de Thaís é adotar a grafia antiga apenas em casos de
dúvidas causadas pela subjetividade do Acordo, para que a assimilação
do novo sistema não seja adiada.

Folha de S.Paulo, 1º jan. 2009.

Para mais informações sobre o Acordo, acesse: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/reformaortografica/