quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Como posso melhorar a minha listening comprehension? - Parte 1/3

Michael Jacobs

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Como posso melhorar a minha listening comprehension? - Parte 1/3
Recebo um montão de e-mails com a mesma pergunta, que, embora colocada de várias formas, se resume a How can I improve my listening comprehension?. Outros leitores ainda usam, erroneamente, hearing: How can I improve my hearing?
Antes de mais nada, este é um bom momento para corrigir essa última frase. O inglês está perfeito – desde que você queira saber como melhorar a audição. Pois hearing é justamente isto: audição. A minha sugestão inicial, portanto, seria o uso de cotonetes. Se estes não surtirem efeito, talvez seja indicada aquela lavagem horrível, uma cirurgia ou, no limite, um aparelho (a hearing aid), daqueles com fone de ouvido e pilha. Afinal, quem tem problemas com sua hearing possivelmente está sofrendo de algum distúrbio físico – uma deficiência auditiva –, cujo final triste poderia ser a surdez. Claro, não recebo correspondências que seriam mais bem dirigidas aos médicos; digo isso apenas no intuito de corrigir o inglês.
Também acho interessantes as tentativas de verter listening comprehension para o português. Bem que a maioria tenta, e é por isso que a palavra hearing surge. Pessoalmente, também nunca achei uma palavra ou frase adequada. Então, de agora em diante, vou tratar sempre de listening comprehension, e fim de papo. Afinal, listening comprehension significa a compreensão daquilo que se ouve. Bom, o que eu – um simples professor de inglês – posso sugerir para ajudar? Além de dizer “Preste mais atenção, e a melhora virá com o tempo”, que é a minha tendência (ou tem sido até o momento, pelo menos), não tenho muito a acrescentar. Ou será que tenho?
Primeiro, precisamos lembrar que cada pessoa aprende de maneira diferente. Eu, por exemplo, sou muito mais visual. Com freqüência, preciso ver a palavra escrita antes de conseguir decorá-la. Outros são mais auditivos, memorizando tudo só de ouvir. O assunto é tão complexo que acredito não existirem respostas simples. (Talvez nem mesmo respostas complexas! Será que existem respostas para uma pergunta assim?)
Entretanto, neste livro acho que devo enfrentar a questão. Mas por onde começar? Penso naqueles que, nesta altura, poderiam estar quererendo entrar no campo das ciências que estudam e tratam do sistema límbico do córtex do hemisfério direito do cérebro, que comanda as funções do lado esquerdo do corpo, e vice-versa, mas, sinceramente, não é a minha praia (e nem sei se acertei no vocabulário). Honestamente, não sei o que recomendar, além de mais treino e mais treino e mais treino. Fitas, filmes, leitura (para adquirir vocabulário), aulas e conversação. O que mais posso dizer?
E se alguém exigisse de você uma resposta? O que você diria? Quem sabe você poderia começar listando atividades como as que mencionei acima? Assistir a vídeos em inglês com as legendas escondidas, ou mesmo a fitas sem legenda. Ouvir a suas músicas favoritas, tentando entender a letra, para depois checar a sua compreensão e repetir as palavras. Existem ótimas publicações que vêm com diálogos gravados em fita, para você treinar. Poderia até usar aquele velho recurso – o livro! E agora vou usar uma palavra que tento evitar nas coisas que escrevo: etcétera, abreviada para etc. Livros, vídeos, fitas, música, aulas, conversação etc.
Há tanto material disponível no mercado para ajudar o aluno a melhorar a sua listening comprehension que está longe de mim querer reinventar a roda. Acredito que as editoras sabem o que fazem, e, se existisse algo revolucionário para lançar, elas com certeza estariam fazendo exatamente isso. O fato de não o fazerem parece transmitir uma mensagem clara e objetiva, não acha?
Talvez ajude se eu me lembrar de como foi o meu processo de aprendizagem do português. Vamos tentar juntos? OK. No início, tudo parecia que eram sons estranhos – eu não entendia nada! Frustrante? You bet. No meu primeiro dia de Brasil, lembro-me de que, ao ser apresentado a uma pessoa que me disse “Muito prazer”, respondi “Mootu pléja”. Havia entendido pleasure! Viu só? Não estava tão longe assim. Mas olha só o que aconteceu: repeti o som que ouvi, e a pessoa deve ter pensado que eu era um nativo, um brasileiro de fato. Vá, concorde comigo… Senão, vou parar por aqui.
OK. Concordou. Ainda bem. Vou continuar.
Cf. Como posso melhorar a minha “listening comprehension”? - Parte 2/3


Como posso melhorar a minha listening comprehension? - Parte 2/3
Confira a primeira parte desse artigo em: Como posso melhorar a minha “listening comprehension”? - Parte 1/3
Na primeira semana, um amigo – bem, ainda não era de fato um amigo, mas viria a ser – testou as suas habilidades de professor e começou a me ensinar os dias da semana. You know, segunda-feira, terça-feira… acho que não preciso dizê-los todos. Ai, que sofrimento! Não conseguia decorá-los, e os misturava, também. Não acertava a seqüência correta. “Sábado” e “domingo” não foram um problema tão grande, mas as duas palavras juntas dos dias da semana me atormentavam muito. Mas persisti e, dentro de umas duas semanas, estava pronto para maiores desafios. Não quero dizer com isso que, naquele ínterim, não tenha tentado outros lances, do tipo “quente”, “frio”, o verbo “gostar (de)” – este, sim, uma grande dor de cabeça, porque para nós, gringos, é um verbo bastante complexo. Ao aprender “gostar (de)”, tinha a tendência de omitir o “de”, o “da” e o “do” que viriam depois do verbo. O interessante é que o verbo correspondente em inglês, like, também é muito complicado. E não é que é um dos primeiros que queremos aprender na nova língua?
Onde eu estava? Ah, sim, falando das palavras que aprendi nas minhas primeiras duas semanas por aqui. Claro, não me lembro de todas elas, mas uma ocasião é nítida na minha memória: eu tentava obter instruções em São Paulo de como e onde pegar um ônibus para Santos. Acho que eu estava no bairro do Ipiranga. O meu vocabulário referente ao assunto estava limitado a “Eu vou para Santos” e “ônibus”. “Onde” era uma palavra que já conhecia, mas que tinha esquecido naquele momento. Com o verbo “pegar”, era pior: ele nem sequer havia entrado no meu vocabulário. A propósito: dizer “Eu vou para Santos”, a primeira frase inteira que consegui articular, me enchia de orgulho.
Como era gostoso poder me comunicar, mesmo parcialmente! Apanhei pra caramba pra achar onde deveria pegar o ônibus. Mas, de qualquer maneira, cheguei a Santos e, pelo que me lembro, foi naquele mesmo dia!
Outro fator que creio ser importante para melhorar a listening comprehension é fazer a distinção entre os verbos to listen e to hear, que, como você já deve saber, funcionam de maneira diferente daquela que ocorre em português. Se você pensa em “ouvir” apenas como to hear, e em to listen apenas como “escutar”, já começa com certa desvantagem. Pois, para melhorar, você precisará listen carefully, ou seja, “ouvir”, mas prestando bastante atenção. Concentrar-se bastante nos sons ao seu redor – e não é que ouvir os outros é uma habilidade, uma qualidade que muitos de nós precisamos desenvolver bastante? Realmente, ouvir os outros prestando bastante atenção no que estão dizendo é uma arte. Afinal, muitos de nós parecem ficar de boca fechada apenas o tempo suficiente para esperar uma brecha e, nisto, introduzir uma opinião própria.
Bom, vamos voltar ao que interessa.
Cf. Como posso melhorar a minha “listening comprehension”? - Parte 3/3

Como posso melhorar a minha "listening comprehension"? - Parte 3/3
Bom, vamos voltar ao que interessa. Como se desenvolve a listening comprehension para acelerar o aprendizado do inglês? A resposta mais óbvia é, claro, by listening, uai! Mas, se fosse tão simples, bastaria deixar a TV ligada na CNN ou na BBC e pronto. Após horas e horas de listening to the world’s news, você já estaria tinindo. Concorda?
Só que as coisas não funcionam assim. Você não vai chegar a lugar nenhum assistindo à TV passivamente. Aliás, não irá longe fazendo o que quer que seja de maneira passiva – isso até parece uma contradição. Se é de modo passivo, como se pode aplicar o verbo “fazer”? Não pode mesmo trazer bons resultados. Aliás, não traz resultado nenhum.
E é aí que reside o segredo de como melhorar. Praticando a língua, em toda a sua plenitude. Ouvindo, sim, mas falando também, tentando se comunicar. Trial and error, ou seja, por tentativa e erro. Tente, erre, tente de novo até acertar. Faça perguntas; repita-as; peça esclarecimentos; tente entender; cerre os dentes; enfim, tente! Vá em frente. Só assim você irá melhorar, um pouco de cada vez. Mas que a melhora irá acontecer, irá. Desde que você faça a sua parte.
Lamento informar a meus queridos leitores que não tenho fórmulas mágicas para resolver a questão. Não disponho de “regras” nem de segredos para fazer acontecer a tão desejada e crucial melhoria na sua listening comprehension. (E aqui vai uma resposta àqueles que fazem a mesmíssima pergunta para saber como melhorar o vocabulário: será só trocar o termo listening comprehension por vocabulary ao longo desta crônica, e terão a sua resposta também.)
Não é por ser alguém que publicou alguns livros e artigos sobre como melhorar o inglês que, automaticamente, eu possuo os segredos de Estado, guardados a sete chaves, que só digo aos interessados a preço de ouro. Não é por ser professor e autor que tenho o dom divino de saber métodos alternativos de como aprender inglês, nem de como “melhorar” a listening comprehension com facilidade. Acho que, no fundo, o que os meus leitores estão querendo saber é como facilitar o aprendizado, como melhorar a listening comprehension através de algum atalho; se é possível dar algum “jeitinho” para obter resultados rápidos. Basicamente, querem descobrir uma maneira de aprender sem fazer a parte deles, como se quisessem que alguém entrasse com o trabalho para só depois colher os frutos que outra pessoa plantou. (“Como ficar milionário sem trabalhar” também seria uma indagação do mesmo naipe.) Como diz uma leitora num e-mail para mim: Learning English is simple. But not effortless. (“Aprender inglês é simples. Mas não é sem esforço)”.
E eu ainda acrescentaria uma máxima de que uso e abuso. Melhorar a listening comprehension é realmente muito simples. Só que simples não é sinônimo de fácil.
Assim como com tantas outras coisas boas, é preciso um esforço do interessado – às vezes um esforço descomunal, é verdade – para progredir. Com uma única certeza: fazendo esse esforço, os resultados virão. Blood, sweat and tears são a ordem do dia. Foi com sangue, suor e lágrimas que comecei a aprender português. Bom, eu me empolguei e acabei exagerando um pouco. De sangue quase não precisei…
Claro, nestas linhas estou apenas expressando a minha própria opinião. Pode ser que existam na praça métodos milagrosos que provem que estou falando bobagem. Se você os encontrar, peço encarecidamente que me avise e farei o possível e o impossível para divulgá-los. Mas, até lá não tenho muito mais a acrescentar.Bom, vamos voltar ao que interessa. Como se desenvolve a listening comprehension para acelerar o aprendizado do inglês? A resposta mais óbvia é, claro, by listening, uai! Mas, se fosse tão simples, bastaria deixar a TV ligada na CNN ou na BBC e pronto. Após horas e horas de listening to the world’s news, você já estaria tinindo. Concorda?
Só que as coisas não funcionam assim. Você não vai chegar a lugar nenhum assistindo à TV passivamente. Aliás, não irá longe fazendo o que quer que seja de maneira passiva – isso até parece uma contradição. Se é de modo passivo, como se pode aplicar o verbo “fazer”? Não pode mesmo trazer bons resultados. Aliás, não traz resultado nenhum.
E é aí que reside o segredo de como melhorar. Praticando a língua, em toda a sua plenitude. Ouvindo, sim, mas falando também, tentando se comunicar. Trial and error, ou seja, por tentativa e erro. Tente, erre, tente de novo até acertar. Faça perguntas; repita-as; peça esclarecimentos; tente entender; cerre os dentes; enfim, tente! Vá em frente. Só assim você irá melhorar, um pouco de cada vez. Mas que a melhora irá acontecer, irá. Desde que você faça a sua parte.
Lamento informar a meus queridos leitores que não tenho fórmulas mágicas para resolver a questão. Não disponho de “regras” nem de segredos para fazer acontecer a tão desejada e crucial melhoria na sua listening comprehension. (E aqui vai uma resposta àqueles que fazem a mesmíssima pergunta para saber como melhorar o vocabulário: será só trocar o termo listening comprehension por vocabulary ao longo desta crônica, e terão a sua resposta também.)
Não é por ser alguém que publicou alguns livros e artigos sobre como melhorar o inglês que, automaticamente, eu possuo os segredos de Estado, guardados a sete chaves, que só digo aos interessados a preço de ouro. Não é por ser professor e autor que tenho o dom divino de saber métodos alternativos de como aprender inglês, nem de como “melhorar” a listening comprehension com facilidade. Acho que, no fundo, o que os meus leitores estão querendo saber é como facilitar o aprendizado, como melhorar a listening comprehension através de algum atalho; se é possível dar algum “jeitinho” para obter resultados rápidos. Basicamente, querem descobrir uma maneira de aprender sem fazer a parte deles, como se quisessem que alguém entrasse com o trabalho para só depois colher os frutos que outra pessoa plantou. (“Como ficar milionário sem trabalhar” também seria uma indagação do mesmo naipe.) Como diz uma leitora num e-mail para mim: Learning English is simple. But not effortless. (“Aprender inglês é simples. Mas não é sem esforço)”.
E eu ainda acrescentaria uma máxima de que uso e abuso. Melhorar a listening comprehension é realmente muito simples. Só que simples não é sinônimo de fácil.
Assim como com tantas outras coisas boas, é preciso um esforço do interessado – às vezes um esforço descomunal, é verdade – para progredir. Com uma única certeza: fazendo esse esforço, os resultados virão. Blood, sweat and tears são a ordem do dia. Foi com sangue, suor e lágrimas que comecei a aprender português. Bom, eu me empolguei e acabei exagerando um pouco. De sangue quase não precisei…
Claro, nestas linhas estou apenas expressando a minha própria opinião. Pode ser que existam na praça métodos milagrosos que provem que estou falando bobagem. Se você os encontrar, peço encarecidamente que me avise e farei o possível e o impossível para divulgá-los. Mas, até lá não tenho muito mais a acrescentar.