EARTH SONG by MICHAEL JACKSON O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996.
A letra fala de desmatamento, sobre pesca e poluição, e, por um pequeno detalhe, talvez você nunca terá a oportunidade de assistir na televisão.
O Detalhe: "Earth Song" nunca foi lançada como single nos Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do planeta. Por isso a maioria de nós nunca teve acesso ao clipe.
Ou seja, o que não passa nos EUA, não passa no resto do mundo. Só mostram o que lhes interessa, e só assistimos o que eles querem.
Veja, então, o que os americanos nunca mostraram de Michael Jackson.
Filmado na Africa, Amazonia, Croácia e New York.
Veja no link abaixo, com música e legendado:
http://www.youtube.com/watch?v=oJEqJ9yALx8
domingo, 22 de novembro de 2009
Inglês Verde e Amarelo
Vocês vão gostar desse site . Podem bater papo , conhecer pessoas , enfim treinar o inglês .
http://verdeamarelo.ning.com/
http://verdeamarelo.ning.com/
Denilso Dr. Descomplica
Assistam a explicação do Dr. Descomplica no You tube .
Ele é demaisssss
http://www.youtube.com/watch?v=FDxdOEykAPg
Divirtam-se
Ele é demaisssss
http://www.youtube.com/watch?v=FDxdOEykAPg
Divirtam-se
domingo, 8 de novembro de 2009
Avaliar educação e não fazer nada é como pôr termômetro e não dar remédio
28/10/2009 – Portal Globo
Crítica é do pesquisador peruano Santiago Cueto, especialista na área. Para ele, as políticas devem levar em conta o resultado em avaliações.
De nada adianta submeter os estudantes de um país a exames de rendimento se os resultados não forem analisados e levados em conta para melhorar o sistema de ensino, opina o pesquisador peruano Santiago Cueto, 49 anos, um dos principais especialistas em avaliação educacional na América Latina.
“Se só olharmos os resultados, é como se colocássemos o termômetro muitas vezes ao dia no paciente, mas não déssemos nunca remédio nem fizéssemos outro diagnóstico”, diz. Doutor em psicologia educacional pela Universidade de Indiana, nos EUA, ele publicou dezenas de artigos em livros e revistas especializadas no assunto.
Em visita ao Brasil, onde veio como conselheiro da Avalia Educacional, empresa brasileira que desenvolve projetos de análise em redes de ensino, Cueto concedeu uma entrevista ao G1 num hotel de São Paulo nesta segunda-feira (26).
Participou da conversa o professor José Francisco Soares, do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos mais importantes pesquisadores brasileiros na área.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
G1 - Como o sr. vê a situação brasileira em relação à educação?
Santiago Cueto - Assim como no Peru, o grande problema no Brasil é a desigualdade associada ao nível socioeconômico do estudante. O sistema é injusto porque os estudantes mais pobres reproduzem o círculo da pobreza dos seus pais através do sistema educacional.
G1 - O que pensa sobre os sistemas de avaliação no Brasil?
Cueto - O Brasil é provavelmente um dos países da América Latina com mais programas de avaliação, o que me parece bom para o desenvolvimento de políticas baseadas em evidências empíricas. Porém, falta dar um bom uso às informações. Em muitos países latino-americanos, como o Peru, quando saem os resultados ruins nas provas, as manchetes dos jornais são só sobre isso, mas ninguém faz nada depois. Se só olharmos os resultados, é como se colocássemos o termômetro muitas vezes ao dia no paciente para medir a febre, mas não déssemos nunca remédio nem fizéssemos outro diagnóstico. Então, é importante pensar a reforma do sistema educacional, em como as avaliações vão ser parte disso e como será usada a informação para melhorar o sistema.
José Francisco Soares - O que acontecia até muito recentemente é que as pessoas diziam: "Essa escola é uma boa escola". Mas, de repente, houve uma mudança e não foi só no Brasil. Perguntamos: "As crianças nessa escola aprendem?". E isso mudou drasticamente, porque começamos a perceber que nem sempre a escola que era dita boa estava a favor do aluno.
"O governo disse que educação era uma emergência, mas, basicamente, não fez nada desde então. Não houve um programa para melhorar o rendimento."
G1 - Que exemplo pode citar?
Cueto - Em 2000 ou 2001, o Peru foi o último no Pisa (exame que compara estudantes em 57 países), com 0,1% de rendimento. O que aconteceu, e imagino que seja típico na América Latina, é que esse assunto foi notícia em todos os jornais. O governo disse que educação era uma emergência, mas, basicamente, não fez nada desde então. Não houve um programa para melhorar o rendimento. O governo poderia ter aproveitado os resultados para comparar os níveis de exigência do Pisa e das escolas peruanas. Como bons católicos, suponho, nos golpeamos: "Pecador, pecador, pecador, último lugar, terrível", mas nada aconteceu e a vida continuou. Meu país tem pouca tradição de olhar os resultados em educação. Os educadores têm mania de fazer teoria, o que é importante, mas não de olhar os resultados das pesquisas.
G1 - No último Pisa, os alunos brasileiros ficaram na 53ª posição em matemática, na 48ª em leitura e 52ª em ciências. Como avalia esses desempenho?
Cueto - Os informes do Pisa sobre o Brasil mostram que os piores resultados são apresentados pelos estudantes que haviam repetido e tinham mais idade para o nível em que deveriam estar. Esses estudantes são os mais pobres. O que mostra o Pisa e todas essas avaliações é que o Brasil está colocando a educação como uma de suas prioridades. Para se conseguir algo, é preciso se pensar nas grandes diferenças entre ricos e pobres, entre as regiões e as diferentes cores da pele, assim como se o estudante tem o português como língua materna ou a língua materna indígena.
G1 - Como os países mais bem avaliados no Pisa acompanham o rendimento de seus estudantes?
Soares - A Finlândia, por exemplo, que costuma aparecer no topo dos rankings do Pisa, não tem sistema de avaliação. No entanto, os alunos são muito avaliados porque estudam em turmas pequenas. Eles são acompanhados quase que individualmente por professores qualificados. Então, não há necessidade de ter um sistema externo para se fazer isso.
G1 – As avaliações costumam abordar compreensão de leitura e conhecimentos matemáticos. O sr. considera que deveriam ser observados outros assuntos também?
Cueto - Tipicamente, a avaliação é feita em cima de leitura e matemática. Há uma discussão de que isso não é educação integral, que se precisaria avaliar outras áreas, como artes, musicas, ciências sociais e naturais e educação física. Mas há duas principais razões para ser dessa forma: uma é que acaba sendo mais barato e outra é que a compreensão de leitura e matemática são áreas fundamentais para a aprendizagem em todas as outras áreas. No entanto, considero que se poderia incluir ciências também.
G1 - O que deve ser levado em conta em uma avaliação?
Cueto - Um aspecto muito importante diz respeito às características econômicas e socioculturais dos alunos. Se eles vêm de um contexto muito pobre, é mais difícil alcançarem ótimos rendimentos. A pergunta é quanto pode ser atribuído à escola e não somente quais são os resultados dos estudantes ao final de um ano escolar. O abandono da escola também tem que ser levado em consideração. No meu país, fizemos um estudo sobre abandono de escola e vimos que, em geral, quem abandona a escola não são os de pior rendimento, mas os mais pobres e de mais idade, porque precisam trabalhar para prover sustento à família.
"A educação teria que fazer parte de uma estratégia mais ampla e não puramente pedagógica. Educação tem a ver com pobreza também."
G1 - Como evitar isso?
Cueto - Muitos países não têm uma rede de suporte educativo. A educação teria que fazer parte de uma estratégia mais ampla e não puramente pedagógica. Educação tem a ver com pobreza também. Na America Latina, são muito populares as bolsas de estudo, eficazes para manter os estudantes na escola. No entanto, em geral, as pesquisas mostram que o rendimento do estudante não melhora só com isso e a explicação é que falta melhorar a qualidade da oferta do ensino. Uma educação ruim gera resultados ruins.
G1 - De que maneira se pode avaliar um sistema de ensino?
Cueto - Existem muitas pesquisas internacionais sobre um campo que se chama eficácia escolar e sobre o que faz com que uma escola seja mais eficaz que outra. Há múltiplas respostas. Um dos fatores chave é o docente. Em Cuba, por exemplo, que apresenta os melhores resultados na América Latina, a profissão de docente tem um status muito alto e parecido com o de outras profissões, como medicina e engenharia. Mas também tem peso a equipe técnica e de gestão da escola. Se o salário do professor for maior, a profissão ficará mais atraente para os melhores candidatos.
G1 - A remuneração do professor pode ter influência no desempenho escolar?
Cueto - O salário do professor pode não ser importante dentro um sistema, mas se essa remuneração for boa, a profissão fica mais atraente para os melhores candidatos. O que acontece em muitos países com alto rendimento é que a profissão de docente é muito respeitada por causa dos incentivos profissionais e financeiros. Na América Latina, há algum tempo a profissão do magistério não atrai candidatos. Digo isso com respeito aos professores, porque há muitos bons. Por isso, o salário deve ser considerado no conjunto de reformas educativas.
G1 - Qual é a melhor forma de avaliar o desempenho dos professores?
Cueto - Os melhores sistemas são os que avaliam os docentes em vários critérios e não somente com base nos rendimentos dos estudantes em leitura e matemática. Um sistema de avaliação, com incentivos profissionais e acadêmicos, me parece o mais adequado.
G1 - De que outras maneiras pode se melhorar a educação?
Cueto - No Peru, educar as pessoas mais pobres, que moram nas áreas rurais, é muito caro. No Chile, há uma política de dar mais investimento para estudantes mais pobres. Essa política chilena vai acabar influenciando outros lugares. Os recursos são alocados de acordo com a necessidade. Educar estudantes mais pobres vai ser mais caro. Por isso, acho que é importante investir mais.
Soares - A questão é trazer essa necessidade para o centro do debate. Não podemos alocar o mesmo valor, e isso significa o pagamento do professor e para construção da escola, ao longo do país como um todo. Há regiões em que se precisa de mais. Concordo com o Santiago quando diz que quem está isolado não deixa de ser cidadão. Numa democracia, você é cidadão e portanto tem direitos. Precisamos ter mais recursos e fazer uma alocação proporcional à necessidade.
G1 - Mas será que só mais investimentos vão viabilizar essa melhoria?
Cueto - Há muita literatura que diz que só financiamento não é garantia dos melhores resultados. Tem que haver um plano integrado e avaliar continuamente. Além disso, é importante ter um programa flexível, porque diferentes escolas têm diferentes problemas. Em uma pode ser a violência ou as drogas ou a falta de estudo dos pais.
"Os programas de alfabetização precisam oferecer à população de adultos uma formação contínua, que permita que aprendam ao longo da vida."
G1 - Como lidar com a questão do analfabetismo?
Cueto - A alfabetização de adultos é muito importante. Por ser uma das metas da Unesco, muitos países estão tentando atingir esse objetivo. No entanto, muitos governos têm programas em que se faz um treinamento básico para que esses alunos possam escrever um pouco e saber um pouco de matemática. Na minha opinião, não é como acender a luz, "acende" e "apaga", ou "alfabetizado" e "não alfabetizado". Não é assim. É preciso oferecer à população de adultos uma formação contínua, que permita que aprendam ao longo da vida. Senão, essa pessoa vai voltar depois de alguns meses ou anos.
G1 – Como o sr. vê a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)?
Cueto - É importante que seja uma prova nacional, que possa ser aplicada em qualquer lugar e realizada por qualquer um. No Peru, não há uma avaliação nacional, mas exames para cada universidade. De um lado, o Enem tem que selecionar os melhores e, por outro, não pode ser um instrumento de exclusão.
Soares - Há duas questões relacionadas. A primeira diz respeito à cidadania. O brasileiro é brasileiro tanto no Nordeste como no Sul. Portanto, é razoável que se espere o mesmo do ponto de vista da escola básica para todos. Não podemos ter padrões diferentes em diferentes cidades. O que nós temos que enfrentar é a criação da logística. Aprendemos que não tínhamos os recursos que parecíamos ter porque não é fácil um exame com mais de 4 milhões de candidatos em mil cidades. A ideia é boa por vários motivos, inclusive porque sinaliza para o ensino médio que deve formar pessoas naquelas quatro competências. Mas há uma dificuldade de logística, que não está resolvida.
G1 - De que forma o ensino superior deve ser avaliado?
Cueto - Há dois tipos de avaliações que são importantes na educação superior. Uma é a acreditação das instituições, em que um corpo externo vai até a universidade e avalia a qualidade da oferta de ensino. O segundo tipo de avaliação é do rendimento das pessoas em carreiras específicas, que é a certificação. No Peru, não existe uma avaliação do ensino superior, mas esses dois processos estão começando, mas ainda é muito cedo para ter uma conclusão. Dos cerca de 700 institutos de formação de docentes, por exemplo, o ministério estabeleceu alguns critérios e fechou 400.
Crítica é do pesquisador peruano Santiago Cueto, especialista na área. Para ele, as políticas devem levar em conta o resultado em avaliações.
De nada adianta submeter os estudantes de um país a exames de rendimento se os resultados não forem analisados e levados em conta para melhorar o sistema de ensino, opina o pesquisador peruano Santiago Cueto, 49 anos, um dos principais especialistas em avaliação educacional na América Latina.
“Se só olharmos os resultados, é como se colocássemos o termômetro muitas vezes ao dia no paciente, mas não déssemos nunca remédio nem fizéssemos outro diagnóstico”, diz. Doutor em psicologia educacional pela Universidade de Indiana, nos EUA, ele publicou dezenas de artigos em livros e revistas especializadas no assunto.
Em visita ao Brasil, onde veio como conselheiro da Avalia Educacional, empresa brasileira que desenvolve projetos de análise em redes de ensino, Cueto concedeu uma entrevista ao G1 num hotel de São Paulo nesta segunda-feira (26).
Participou da conversa o professor José Francisco Soares, do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos mais importantes pesquisadores brasileiros na área.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
G1 - Como o sr. vê a situação brasileira em relação à educação?
Santiago Cueto - Assim como no Peru, o grande problema no Brasil é a desigualdade associada ao nível socioeconômico do estudante. O sistema é injusto porque os estudantes mais pobres reproduzem o círculo da pobreza dos seus pais através do sistema educacional.
G1 - O que pensa sobre os sistemas de avaliação no Brasil?
Cueto - O Brasil é provavelmente um dos países da América Latina com mais programas de avaliação, o que me parece bom para o desenvolvimento de políticas baseadas em evidências empíricas. Porém, falta dar um bom uso às informações. Em muitos países latino-americanos, como o Peru, quando saem os resultados ruins nas provas, as manchetes dos jornais são só sobre isso, mas ninguém faz nada depois. Se só olharmos os resultados, é como se colocássemos o termômetro muitas vezes ao dia no paciente para medir a febre, mas não déssemos nunca remédio nem fizéssemos outro diagnóstico. Então, é importante pensar a reforma do sistema educacional, em como as avaliações vão ser parte disso e como será usada a informação para melhorar o sistema.
José Francisco Soares - O que acontecia até muito recentemente é que as pessoas diziam: "Essa escola é uma boa escola". Mas, de repente, houve uma mudança e não foi só no Brasil. Perguntamos: "As crianças nessa escola aprendem?". E isso mudou drasticamente, porque começamos a perceber que nem sempre a escola que era dita boa estava a favor do aluno.
"O governo disse que educação era uma emergência, mas, basicamente, não fez nada desde então. Não houve um programa para melhorar o rendimento."
G1 - Que exemplo pode citar?
Cueto - Em 2000 ou 2001, o Peru foi o último no Pisa (exame que compara estudantes em 57 países), com 0,1% de rendimento. O que aconteceu, e imagino que seja típico na América Latina, é que esse assunto foi notícia em todos os jornais. O governo disse que educação era uma emergência, mas, basicamente, não fez nada desde então. Não houve um programa para melhorar o rendimento. O governo poderia ter aproveitado os resultados para comparar os níveis de exigência do Pisa e das escolas peruanas. Como bons católicos, suponho, nos golpeamos: "Pecador, pecador, pecador, último lugar, terrível", mas nada aconteceu e a vida continuou. Meu país tem pouca tradição de olhar os resultados em educação. Os educadores têm mania de fazer teoria, o que é importante, mas não de olhar os resultados das pesquisas.
G1 - No último Pisa, os alunos brasileiros ficaram na 53ª posição em matemática, na 48ª em leitura e 52ª em ciências. Como avalia esses desempenho?
Cueto - Os informes do Pisa sobre o Brasil mostram que os piores resultados são apresentados pelos estudantes que haviam repetido e tinham mais idade para o nível em que deveriam estar. Esses estudantes são os mais pobres. O que mostra o Pisa e todas essas avaliações é que o Brasil está colocando a educação como uma de suas prioridades. Para se conseguir algo, é preciso se pensar nas grandes diferenças entre ricos e pobres, entre as regiões e as diferentes cores da pele, assim como se o estudante tem o português como língua materna ou a língua materna indígena.
G1 - Como os países mais bem avaliados no Pisa acompanham o rendimento de seus estudantes?
Soares - A Finlândia, por exemplo, que costuma aparecer no topo dos rankings do Pisa, não tem sistema de avaliação. No entanto, os alunos são muito avaliados porque estudam em turmas pequenas. Eles são acompanhados quase que individualmente por professores qualificados. Então, não há necessidade de ter um sistema externo para se fazer isso.
G1 – As avaliações costumam abordar compreensão de leitura e conhecimentos matemáticos. O sr. considera que deveriam ser observados outros assuntos também?
Cueto - Tipicamente, a avaliação é feita em cima de leitura e matemática. Há uma discussão de que isso não é educação integral, que se precisaria avaliar outras áreas, como artes, musicas, ciências sociais e naturais e educação física. Mas há duas principais razões para ser dessa forma: uma é que acaba sendo mais barato e outra é que a compreensão de leitura e matemática são áreas fundamentais para a aprendizagem em todas as outras áreas. No entanto, considero que se poderia incluir ciências também.
G1 - O que deve ser levado em conta em uma avaliação?
Cueto - Um aspecto muito importante diz respeito às características econômicas e socioculturais dos alunos. Se eles vêm de um contexto muito pobre, é mais difícil alcançarem ótimos rendimentos. A pergunta é quanto pode ser atribuído à escola e não somente quais são os resultados dos estudantes ao final de um ano escolar. O abandono da escola também tem que ser levado em consideração. No meu país, fizemos um estudo sobre abandono de escola e vimos que, em geral, quem abandona a escola não são os de pior rendimento, mas os mais pobres e de mais idade, porque precisam trabalhar para prover sustento à família.
"A educação teria que fazer parte de uma estratégia mais ampla e não puramente pedagógica. Educação tem a ver com pobreza também."
G1 - Como evitar isso?
Cueto - Muitos países não têm uma rede de suporte educativo. A educação teria que fazer parte de uma estratégia mais ampla e não puramente pedagógica. Educação tem a ver com pobreza também. Na America Latina, são muito populares as bolsas de estudo, eficazes para manter os estudantes na escola. No entanto, em geral, as pesquisas mostram que o rendimento do estudante não melhora só com isso e a explicação é que falta melhorar a qualidade da oferta do ensino. Uma educação ruim gera resultados ruins.
G1 - De que maneira se pode avaliar um sistema de ensino?
Cueto - Existem muitas pesquisas internacionais sobre um campo que se chama eficácia escolar e sobre o que faz com que uma escola seja mais eficaz que outra. Há múltiplas respostas. Um dos fatores chave é o docente. Em Cuba, por exemplo, que apresenta os melhores resultados na América Latina, a profissão de docente tem um status muito alto e parecido com o de outras profissões, como medicina e engenharia. Mas também tem peso a equipe técnica e de gestão da escola. Se o salário do professor for maior, a profissão ficará mais atraente para os melhores candidatos.
G1 - A remuneração do professor pode ter influência no desempenho escolar?
Cueto - O salário do professor pode não ser importante dentro um sistema, mas se essa remuneração for boa, a profissão fica mais atraente para os melhores candidatos. O que acontece em muitos países com alto rendimento é que a profissão de docente é muito respeitada por causa dos incentivos profissionais e financeiros. Na América Latina, há algum tempo a profissão do magistério não atrai candidatos. Digo isso com respeito aos professores, porque há muitos bons. Por isso, o salário deve ser considerado no conjunto de reformas educativas.
G1 - Qual é a melhor forma de avaliar o desempenho dos professores?
Cueto - Os melhores sistemas são os que avaliam os docentes em vários critérios e não somente com base nos rendimentos dos estudantes em leitura e matemática. Um sistema de avaliação, com incentivos profissionais e acadêmicos, me parece o mais adequado.
G1 - De que outras maneiras pode se melhorar a educação?
Cueto - No Peru, educar as pessoas mais pobres, que moram nas áreas rurais, é muito caro. No Chile, há uma política de dar mais investimento para estudantes mais pobres. Essa política chilena vai acabar influenciando outros lugares. Os recursos são alocados de acordo com a necessidade. Educar estudantes mais pobres vai ser mais caro. Por isso, acho que é importante investir mais.
Soares - A questão é trazer essa necessidade para o centro do debate. Não podemos alocar o mesmo valor, e isso significa o pagamento do professor e para construção da escola, ao longo do país como um todo. Há regiões em que se precisa de mais. Concordo com o Santiago quando diz que quem está isolado não deixa de ser cidadão. Numa democracia, você é cidadão e portanto tem direitos. Precisamos ter mais recursos e fazer uma alocação proporcional à necessidade.
G1 - Mas será que só mais investimentos vão viabilizar essa melhoria?
Cueto - Há muita literatura que diz que só financiamento não é garantia dos melhores resultados. Tem que haver um plano integrado e avaliar continuamente. Além disso, é importante ter um programa flexível, porque diferentes escolas têm diferentes problemas. Em uma pode ser a violência ou as drogas ou a falta de estudo dos pais.
"Os programas de alfabetização precisam oferecer à população de adultos uma formação contínua, que permita que aprendam ao longo da vida."
G1 - Como lidar com a questão do analfabetismo?
Cueto - A alfabetização de adultos é muito importante. Por ser uma das metas da Unesco, muitos países estão tentando atingir esse objetivo. No entanto, muitos governos têm programas em que se faz um treinamento básico para que esses alunos possam escrever um pouco e saber um pouco de matemática. Na minha opinião, não é como acender a luz, "acende" e "apaga", ou "alfabetizado" e "não alfabetizado". Não é assim. É preciso oferecer à população de adultos uma formação contínua, que permita que aprendam ao longo da vida. Senão, essa pessoa vai voltar depois de alguns meses ou anos.
G1 – Como o sr. vê a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)?
Cueto - É importante que seja uma prova nacional, que possa ser aplicada em qualquer lugar e realizada por qualquer um. No Peru, não há uma avaliação nacional, mas exames para cada universidade. De um lado, o Enem tem que selecionar os melhores e, por outro, não pode ser um instrumento de exclusão.
Soares - Há duas questões relacionadas. A primeira diz respeito à cidadania. O brasileiro é brasileiro tanto no Nordeste como no Sul. Portanto, é razoável que se espere o mesmo do ponto de vista da escola básica para todos. Não podemos ter padrões diferentes em diferentes cidades. O que nós temos que enfrentar é a criação da logística. Aprendemos que não tínhamos os recursos que parecíamos ter porque não é fácil um exame com mais de 4 milhões de candidatos em mil cidades. A ideia é boa por vários motivos, inclusive porque sinaliza para o ensino médio que deve formar pessoas naquelas quatro competências. Mas há uma dificuldade de logística, que não está resolvida.
G1 - De que forma o ensino superior deve ser avaliado?
Cueto - Há dois tipos de avaliações que são importantes na educação superior. Uma é a acreditação das instituições, em que um corpo externo vai até a universidade e avalia a qualidade da oferta de ensino. O segundo tipo de avaliação é do rendimento das pessoas em carreiras específicas, que é a certificação. No Peru, não existe uma avaliação do ensino superior, mas esses dois processos estão começando, mas ainda é muito cedo para ter uma conclusão. Dos cerca de 700 institutos de formação de docentes, por exemplo, o ministério estabeleceu alguns critérios e fechou 400.
sábado, 7 de novembro de 2009
Quem é o melhor professor de inglês? Nativo ou não-nativo?
Esse Denilso é fogo !rsr Visitem-o .
http://denilsodelima.blogspot.com/
Posted: 06 Nov 2009 08:13 AM PST
David Graddol, linguista britânico que tive prazer em conhecer em 2007, concedeu ao pessoal do G1 uma entrevista maravilhosa. O título da matéria publicada é 'Melhores professores de inglês não são britânicos nem americanos', diz linguista.
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1368465-5604,00-MELHORES+PROFESSORES+DE+INGLES+NAO+SAO+BRITANICOS+NEM+AMERICANOS+DIZ+LINGUI.html
Interessante, não!?
Eu já andei comentando algo assim em algumas de minhas palestras e eventos. Acredito que todos tenham pontos fortes e fracos. Porém, ao contrário do que a grande maioria das pessoas acredita o bom professor de inglês não precisa ser um falante nativo da língua. O fato do professor falar a mesma língua do aluno ajuda e muito na hora de resolver determinados problemas de compreensão. Isto economiza tempo de aprendizado bem como de ensino. Ou seja, não há problema algum do ponto de vinta pedagógico e linguístico que o professor fale em português com seus alunos quando necessário.
Outra coisa levantada por Graddol na entrevista é o fato do ensino de língua inglesa no Brasil estar bastante atrasado e defasado. Isto já foi discutido aqui neste blog inúmeras vezes. Os métodos de ensino de língua no Brasil ainda são ultrapassados e muito apegados em gramáticas. Muitas escolas de idiomas vendem curso de conversação porém gastam horas no ensino gramatical. Até mesmo escolas novas caem neste erro. Mas enfim! O objetivo é outro para ele$!
Na entrevista Graddol também menciona o quesito idade. Ou seja, esta história que depois dos 12 anos de idade fica mais difícil aprender. Na verdade, há vantagens e desvantagens. Assunto também falado aqui no blog outras vezes. Adulto pode aprender inglês tão bem quanto uma criança. Tudo depende da dedicação, motivação, interesse, objetivo e coisas do tipo.
Que língua vai dominar o mundo no futuro? Até isto foi perguntado! E quem acompanha o blog sempre sabe que o mandarim não será a língua do futuro. Adivinhem só o que o Graddol falou!? Vou colar aqui a fala dele: "O mandarim não é uma ameaça".
Foram várias coisas ditas na entrevista. Se você gosta de ler sobre isto recomendo que acesse o site do G1 e leia tudo na íntegra. Para acessar clique em Entrevista do Graddol ao G1. Você vai perceber como as ideias defendidas aqui neste blog não estão longe daquilo que o mundo de ensino de idiomas e os linguistas em geral andam dizendo. Pena que no Brasil as pessoas têm medo do novo e preferem continuar na mesmice de sempre.
http://denilsodelima.blogspot.com/
Posted: 06 Nov 2009 08:13 AM PST
David Graddol, linguista britânico que tive prazer em conhecer em 2007, concedeu ao pessoal do G1 uma entrevista maravilhosa. O título da matéria publicada é 'Melhores professores de inglês não são britânicos nem americanos', diz linguista.
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1368465-5604,00-MELHORES+PROFESSORES+DE+INGLES+NAO+SAO+BRITANICOS+NEM+AMERICANOS+DIZ+LINGUI.html
Interessante, não!?
Eu já andei comentando algo assim em algumas de minhas palestras e eventos. Acredito que todos tenham pontos fortes e fracos. Porém, ao contrário do que a grande maioria das pessoas acredita o bom professor de inglês não precisa ser um falante nativo da língua. O fato do professor falar a mesma língua do aluno ajuda e muito na hora de resolver determinados problemas de compreensão. Isto economiza tempo de aprendizado bem como de ensino. Ou seja, não há problema algum do ponto de vinta pedagógico e linguístico que o professor fale em português com seus alunos quando necessário.
Outra coisa levantada por Graddol na entrevista é o fato do ensino de língua inglesa no Brasil estar bastante atrasado e defasado. Isto já foi discutido aqui neste blog inúmeras vezes. Os métodos de ensino de língua no Brasil ainda são ultrapassados e muito apegados em gramáticas. Muitas escolas de idiomas vendem curso de conversação porém gastam horas no ensino gramatical. Até mesmo escolas novas caem neste erro. Mas enfim! O objetivo é outro para ele$!
Na entrevista Graddol também menciona o quesito idade. Ou seja, esta história que depois dos 12 anos de idade fica mais difícil aprender. Na verdade, há vantagens e desvantagens. Assunto também falado aqui no blog outras vezes. Adulto pode aprender inglês tão bem quanto uma criança. Tudo depende da dedicação, motivação, interesse, objetivo e coisas do tipo.
Que língua vai dominar o mundo no futuro? Até isto foi perguntado! E quem acompanha o blog sempre sabe que o mandarim não será a língua do futuro. Adivinhem só o que o Graddol falou!? Vou colar aqui a fala dele: "O mandarim não é uma ameaça".
Foram várias coisas ditas na entrevista. Se você gosta de ler sobre isto recomendo que acesse o site do G1 e leia tudo na íntegra. Para acessar clique em Entrevista do Graddol ao G1. Você vai perceber como as ideias defendidas aqui neste blog não estão longe daquilo que o mundo de ensino de idiomas e os linguistas em geral andam dizendo. Pena que no Brasil as pessoas têm medo do novo e preferem continuar na mesmice de sempre.
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